Por:Jornal NC - Publicado em 19/07/2019
Na reunião que aconteceu, em Brasília, com integrantes da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba, a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, pediu uma avaliação do teor das mensagens vazadas pelo The Intercept, e se os procuradores têm ideia do que está por vir. As informações são da coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
Segundo Daniela Lima, que assina a coluna, “os procuradores teriam dito que não há nada ilegal nas conversas”. Mesmo assim, Dodge pediu cautela. A tentativa da chefe do Ministério Público Federal é evitar mais exposição.
A expectativa de membros do MPF era a divulgação de uma nota institucional, após esta reunião, em defesa da Operação Lava Jato. Mas isso não aconteceu. Ainda segundo a Folha, procuradores ficaram insatisfeitos com isso, porque esperavam um apoio maior por parte de Dodge. Por outro lado, Daniela Lima escreve que, quem conhece a procuradora-geral “viu na moderação um sinal de que [Dodge] teme que os vazamentos arranhem a imagem institucional do Ministério Público Federal”.
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Aumenta descrédito
A tarefa de defender a Lava Jato tem ficado cada vez mais difícil, por conta dos desgastes para os membros da força-tarefa com os vazamentos de mensagens que vem sendo publicadas pelo The Intercept Brasil e outros veículos desde o dia 9 de junho.
Entre os vazamentos mais recentes, estão conversas entre Dallagnol e Moro, onde o procurador pediu R$ 38 mil para o então juiz, dinheiro de propriedade da 13ª Vara Federal em Curitiba, para o pagamento de um vídeo de promoção do pacote conhecido por “10 medidas anticorrupção”, que seria veiculado na Rede Globo.
O procedimento é ilegal em vários sentidos. Primeiro porque uma Vara da Justiça não tem liberdade legal para investir em propagandas, segundo de fazer propagandas para entidades terceiras e, por último, o fato de um juiz conversar sobre o repasse de recursos para um procurador federal com essa finalidade. A colunista da Folha, Mônica Bergamo, divulgou outras mensagens mostrando que Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, pediu passagem e hospedagem no parque aquático Beach Park para ele, a mulher e os dois filhos como condição para dar palestras sobre combate à corrupção na Fiec (Federação das Indústrias do Ceará), em julho de 2017. Além disso, o procurador cobrou cachê. Eu pedi pra pagarem passagens pra mim e família e estadia no Beach Park. As crianças adoraram.
Além disso, eles pagaram um valor significativo, perto de uns 30k [R$ 30 mil]. Fica para você avaliar”, escreveu Dallagnol para o então juiz da Lava Jato Sergio Moro, por meio do aplicativo Telegram. Na época em que a conversa aconteceu, em julho de 2017, Dallagnol ainda festejou o fato de não ter sofrido punição de órgãos de fiscalização por dar palestras.
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