Por:Jornal NC - Publicado em 19/08/2021
Para os críticos, a decisão do presidente de encerrar o conflito mais longo dos EUA desfez 20 anos de trabalho e sacrifício, abriu caminho para uma catástrofe humanitária e pôs em dúvida a credibilidade dos EUA. Muitos dos que estão mais próximos do conflito - afegãos, soldados e estadistas - há muito tempo são céticos quanto à visão do presidente de que se poderia esperar que o governo de Cabul mantivesse, sozinho, a segurança do país. Com a tomada da capital Cabul, alguns se perguntam se é apenas uma questão de tempo até que o eleitorado americano venha a se arrepender da decisão de Biden de cumprir a antiga promessa de retirar os Estados Unidos do Afeganistão. Desde seus dias como vice-presidente de Barack Obama, Biden sempre insistiu que a guerra deveria ser limitada em sua missão.
Como senador por Delaware em 2001, ele juntou-se a uma votação unânime para aprovar o uso da força militar no Afeganistão. Mas ele se opôs ao envio de mais tropas autorizadas por Obama em 2009. “Biden foi muito claro sobre o Afeganistão”, disse Brett Bruen, ex-diplomata que participou das reuniões do Conselho de Segurança Nacional do governo Obama. “Ele disse que deveríamos dar o fora de lá.” Biden defendeu seu ponto e às vezes tornava a discussão pessoal, lembrou Bruen. “Foi um esforço para conquistar a sala”, disse ele. Como candidato da Casa Branca em 2019, Biden lembrou aos eleitores que ele seria o primeiro presidente desde Dwight Eisenhower, na década de 1950, que teve um filho (Beau Biden) servindo em um conflito ativo.
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Em suas memórias, Richard Holbrooke, que foi enviado especial ao Afeganistão nos primeiros anos de Obama, lembrou-se de Biden dizendo com raiva que ele “não estava mandando o filho de volta para arriscar a vida pelos direitos das mulheres (afegãs)… Não é para isso que estão lá”. Mas sua longa experiência em política externa provavelmente contribuiu ainda mais para moldar a visão do presidente, disse Bruen.
Talibã proíbe vacinação contra Covid-19 em parte do Afeganistão
A vacinação já foi interrompida na província de Paktia, no leste do país. Desde a tomada da província pelo grupo, as vacinas contra a covid-19 pararam de ser distribuídas pela região. Walayat Khan Ahmadzai, diretor provincial de saúde pública da região, disse que o Talibã ordenou os funcionários do hospital regional para pararem de distribuir o imunizante, o que resultou no fechamento imediato dos postos de vacinação da região, enquanto médicos e críticos buscam acatar as ordens impostas temendo represálias violentas do grupo.
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