Por:Jornal NC - Publicado em 11/02/2022
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Roberto Barroso, abriu o ano legislativo da Corte, que chega ao nonagésimo ano em atividade, com uma longa fala dedicada principalmente a defender o sistema eleitoral brasileiro, a segurança das urnas eletrônicas e o debate fértil de ideias ao longo deste ano eleitoral. Barroso afastou qualquer possibilidade de uma retomada da discussão sobre o voto impresso.
Elogios a Portugal
Ele contou sobre suas impressões, todas muito positivas, da viagem que fez a Portugal para acompanhar as eleições parlamentares naquele país. Barroso classificou o pleito no país europeu como “um show de organização e democracia”, elogiou a postura dos eleitores e de todos os partidos envolvidos, que aceitaram o resultado final. Segundo ele, o ambiente eleitoral foi pavimentado no “debate público de qualidade”, sem ódio e disseminação de desinformação. Pouco mais de 5 milhões de eleitores foram às urnas no país.
Críticas
Barroso fez críticas a uma fala do presidente Jair Bolsonaro. Um inquérito foi aberto para apurar o suposto vazamento, por Bolsonaro, de informações sigilosas sobre a investigação da Polícia Federal (PF) que apura um ataque de hackers ao sistema de informática do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018. Na época, o TSE declarou que o ataque não comprometeu a segurança da votação. O depoimento de Bolsonaro a respeito do caso era esperado para a semana passada, mas o presidente não compareceu à Polícia Federal para depor.
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Durante o processo envolvendo o presidente, a Advocacia-Geral da União (AGU) argumentou no inquérito que Bolsonaro não divulgou documentos sigilosos e “declinou da oitiva pessoal”. Segundo o órgão, o depoimento pessoal não contribuiria para o processo. Além disso, destacou que decisões anteriores da Corte impedem a condução coercitiva para depoimento e garantem o “direito de ausência” da defesa.
Novas urnas
Barroso apontou, em várias oportunidades, a segurança e a inviolabilidade da urna eletrônica. Afirmou que partidos políticos e entidades habilitadas já tiveram acesso ao código fonte da urna eletrônica, uma das etapas para garantir transparência e segurança digital das eleições. A etapa de teste de segurança também já foi realizada este ano. Nela, instituições qualificadas e pessoas físicas preparam e realizam ataques às urnas eletrônicas e ao sistema em busca de brechas.
O presidente da Corte anunciou a compra de 300 mil novas urnas eletrônicas e revelou a dificuldade do TSE em finalizar esse processo. Barroso participou da sessão de abertura do ano do tribunal de Washington, nos Estados Unidos. Ele está lá para receber o relatório final da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre as últimas eleições brasileiras. Barroso afirmou que divulgará o conteúdo do relatório assim que recebê-lo.
Ele deixa a presidência do TSE este mês, dando lugar ao ministro Edson Fachin. Ele conduzirá grande parte do processo de preparação para as eleições, mas elas ocorrerão já sob a presidência do ministro Alexandre de Moraes, que assumirá o posto em agosto.
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