Por:Jornal NC - Publicado em 22/08/2019
São cerca de 400 mil km² a menos de área verde, de acordo com estudo de uma equipe de pesquisadores da Universidade de Oklahoma publicado na revista científica Nature Sustainability.
O resultado apontado é mais que o dobro da área de 180 mil km² registrada no mesmo período pelo sistema de monitoramento de desmatamento anual adotado pelo Inpe, o Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes).
O conceito de floresta desmatada e a qualidade das imagens analisadas pelo satélite utilizado na nova pesquisa, com menos interferência de nuvens e sombras, são apontados como fatores para a discrepância nos resultados. O mesmo estudo diz ainda que o tamanho de toda floresta na Amazônia é subdimensionado em 15%. Dados sobre desmatamento servem de base para a elaboração de políticas públicas e acordos internacionais do governo brasileiro.
O artigo revela ainda que as unidades de conservação da Amazônia perderam 20 mil km² de floresta entre 2000 e 2017. Daria para colocar quase quatro Brasílias nesse espaço. Mas a pesquisa aponta um avanço no reflorestamento entre 2001 e 2013.
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O método
O método utilizado pelos pesquisadores da Universidade de Oklahoma considera dados de um radar (PALSAR), que obtém imagens mesmo com presença de nuvens, adicionados a imagens diárias de um satélite (MODIS).
Por outro lado, a pesquisa aponta que no sistema de monitoramento adotado pelo Inpe, o Prodes, que utiliza principalmente um satélite (LANDSAT) que faz imagens de uma determinada área a cada 16 dias, teve entre 5% e 15% das imagens cobertas por nuvens ou sombras. Essa imprecisão nas imagens ainda seria responsável por um subdimensionamento da floresta amazônica. O método PALSAR/MODIS identificou 3.750.000 km² de floresta em 2010, um número 15% maior do que o Prodes apontou no mesmo ano.
Xiangming Xiao, chefe da pesquisa e professor doutor do Centro de Análises Espaciais da Universidade de Oklahoma, explica que outros estudos já haviam apontado inconsistências nos dados do Prodes, mas pela primeira vez isso é mostrado com imagens de melhor qualidade.
Foram quatro anos de monitoramento e análise de dados para que os 14 pesquisadores apresentassem os resultados sobre desmatamento na Amazônia. Dois brasileiros, servidores da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe, Yosio Shimabukuro e Egidio Arai, participaram dos estudos.
Conceitos diferentes sobre floresta
Além da qualidade das imagens de satélite e o tipo de algoritmo utilizado na análise dos dados, os pesquisadores afirmam que a definição de cobertura florestal interfere no resultado final.
Na pesquisa da Universidade de Oklahoma eles consideram a perda de área verde como desmatamento. Já o Prodes utiliza apenas o conceito de floresta primária para desmatamento.
Ou seja, após uma área ser desmatada, mesmo que ela seja reflorestada posteriormente, essa área não é mais analisada pelo sistema de monitoramento, explica o pesquisador Carlos Souza, do Imazon, instituto que faz análises sobre desmatamento na Amazônia.
Dinâmica da floresta
A pesquisa faz ainda uma análise da dinâmica do desmatamento na floresta. Em 2010 e entre 2015 e 2016, houve um crescimento acentuado no desmatamento por fatores climáticos.
O El Niño trouxe um clima mais seco para a região, o que facilitou a propagação de queimadas, que em média são responsáveis por 70% do desmatamento de áreas verdes na Amazônia. Em anos secos o total desmatado chegou a 3,7 vezes a área de perda de floresta em anos mais chuvosos. A própria dinâmica de desmatamento ilegal estaria facilitando anos mais secos.
O professor Qin ainda lembra que as análises apontaram que 90% dos desmatamentos ocorreram em até 5 km de proximidade de áreas que já tinham sido desmatadas antes de 2002. Para o cientista, isso demonstra que “o grau de atividade antrópica (alterações realizadas pelo homem) impulsiona a perda da floresta na Amazônia brasileira”.
Sistemas diferentes e histórico de dados
Para Carlos Souza, do Imazon, métodos diferentes de monitoramento da floresta demonstram avanços no acompanhamento de desmatamentos. O instituto divulgou na semana passada resultado do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), que indicou que a Amazônia perdeu 5 mil km² de floresta nativa nos últimos 12 meses.
O método adotado pelo Imazon também é diferente do Prodes e do DETER, este um sistema em tempo real de alerta de alterações na cobertura vegetal acima de três hectares.
O estudo de Oklahoma adotou 2000 como ano de referência (ou linha de base, como os pesquisadores chamam). Já o PRODES possui uma referência mais antiga e Souza explica que esse é um fator importante do método brasileiro, apesar das limitações e da necessidade de melhorias.
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